Alergia - um novo enfoque - Parte 3

Alergia - um novo enfoque - Parte 3

Dr. Max Otto Bruker *

O aparecimento de uma alergia leva tempo

Quando doenças alérgicas como asma, eczema e rinite alérgica aparecem na idade adulta, podemos perceber que a evolução de um problema protéico (como as falhas na reação antígeno/anticorpo) muitas vezes necessita de um longo período. O fator tempo vai mascarando a relação que existe entre a substância nociva e a doença. O período de tempo necessário para o distúrbio metabólico evoluir a ponto de aparecer uma doença alérgica difere de uma pessoa para outra. Esse período depende da constituição individual, da quantidade e do tipo da proteína animal consumida. Também depende dos efeitos da má alimentação e do estresse.

O fator tempo tem importância na evolução da alergia e também no tratamento. Ele define se uma cura ainda é possível e a duração do tratamento. Doenças que levaram décadas para evoluir também precisam de tempo até que, afastadas as causas, o organismo se refaça e eventualmente haja uma cura. Quanto mais cedo se iniciar o tratamento, eliminando os fatores prejudiciais, e quanto mais rigoroso for o tratamento, tanto mais depressa virá o êxito. Entretanto, uma doença que se manifesta tarde na vida indica um organismo relativamente sadio que conseguiu vencer por muito tempo as influências prejudiciais, sem adoecer. Nesse caso, a possibilidade de cura é melhor do que num organismo que já adoeceu devido à sua constituição. Quanto mais cedo aparece a doença, menor é a defesa imunológica inata. Neste caso, as causas da doença devem ser evitadas com maior rigor e duração.

Uma predisposição maior para a doença, com defesa imunológica diminuída, também tem suas causas. Não tem origem no próprio doente, mas vem dos seus antepassados. Pais e avós expostos à alimentação industrializada (carboidratos e óleos refinados) e à grande quantidade de proteína animal, ou que tenham sofrido doenças de outra origem, transmitem os pontos fracos à próxima geração. Hoje sabemos que defeitos provocados no ADN por falhas alimentares são hereditários. Também isso explica por que as doenças que antigamente só se viam em pessoas idosas (ex. diabete) hoje já surgem em crianças.

Para curar, por exemplo, uma rinite alérgica que surgiu aos 30 anos, geralmente bastam 3 anos de abstinência absoluta de proteína animal para a doença desaparecer por completo. O organismo mostra que, por 30 anos conseguiu reagir à proteína animal, pois o pólen existia desde o nascimento, sem fazê-lo adoecer. Entretanto, se a rinite alérgica já aparece com 7 anos, isto indica que o organismo é sensível à proteína animal. Por isso, as causas devem ser rigorosamente evitadas por um longo período ou até pelo resto da vida.

Quanto ao componente alérgico, acontece com a asma o mesmo que ocorre com a rinite alérgica. Entretanto, na asma há outros fatores que tornam a cura muito mais difícil. Em muitos casos, somente corrigir o tipo de alimentação não é suficiente. É, porém uma pré condição de tratamento.

Na asma, às vezes também existe uma infecção, confirmada quando os acessos começam com uma infecção das vias aéreas superiores. Para enfrentar a predisposição a infecções, há necessidade de alimentação integral rica em elementos vitais; há necessidade de evitar carboidratos refinados, e a pessoa precisa de grande quantidade de alimentos crus.

O terceiro componente é psicológico. Asma é uma doença de estresse. O tipo asmático geralmente é introvertido; ele tenta resolver seus problemas consigo mesmo. Uma consulta psicoterapêutica é muito mais difícil do que com uma pessoa extrovertida. Já na infância encontramos tensões emocionais. A criança que vive na atmosfera carregada de um casamento cheio de tensões ou sob um pai autoritário não consegue respirar livremente. O clima familiar pode produzir asma. Em sentido figurado, podemos falar de alergia por pressão emocional.

Uma criança sente as tensões na atmosfera familiar mesmo quando os pais escondem os conflitos e evitam brigar em sua presença. A criança não demonstra que sofre numa atmosfera que aparentemente está em ordem. Estes processos se desenrolam no inconsciente. Que isto é verdade só é demonstrado pela psicoterapia na idade adulta.

Rodeados por uma sociedade que venera doces e carnes, parece lógica a desculpa de que é difícil, senão impossível, manter uma alimentação isenta de produtos refinados e proteínas animais. A desculpa acrescenta que seríamos segregados e teríamos um relacionamento frustrante com os demais. Entretanto, não precisa ser assim. A libertação de uma doença crônica, considerada incurável, também pode levar à libertação da personalidade no âmbito espiritual e a certo distanciamento do que pensam os outros. Novas tarefas, nunca imaginadas, aparecem. Muitas vezes há necessidade de apoio psicológico. 

Por outro lado, há muitos doentes que estariam dispostos a assumir um fardo pesado se apenas conhecessem o caminho para vencer a doença. Tarefas simples qualquer um pode solucionar, mas vale a pena enfrentar tarefas difíceis que trazem um progresso no desenvolvimento da personalidade. Enquanto o doente não experimenta saúde, ele é coagido a seguir terapias habituais no tratamento das doenças alérgicas. Portanto, parece ser necessário tecer alguns comentários sobre estas terapias.

O tratamento sintomático não cura

Hoje em dia é procedimento normal suprimir os sintomas alérgicos por meio de cortisona. Nos eczemas são usadas pomadas que contêm cortisona. A rinite alérgica restrita a uma estação do ano pode ser evitada por uma injeção de cortisona de efeito prolongado. Porém, abandonando os medicamentos, fica claro que apenas houve uma supressão dos sintomas desagradáveis, sem ocorrer a cura.

Também o tratamento local de eczemas, com pomadas de efeito passageiro sem cortisona, não traz melhora duradoura. Além disso, o tratamento prolongado com pomadas gordurosas seca a pele, que não mais produz gordura suficiente. Por este motivo, o paciente gostaria de continuar usando a pomada, o que, entretanto, impede a cura do eczema. A pele seca, provocada pela pomada, volta ao normal ao abandonar o tratamento. Ela volta a produzir gordura própria, quando deixamos de passar mais gordura externamente.

O tratamento local com pomadas apresenta outros inconvenientes. Muitas pomadas são usadas contra coceira. Quando paramos de usar a pomada sem corrigir a alimentação, a coceira volta e força novo uso. Em muitos casos o uso prolongado provoca uma alergia contra a substância que forma a base da pomada.

O medicamento aplicado através da pomada (cortisona, enxofre ou ácido salicílico) tem que ser incorporado a uma base, como vaselina, lanolina, eucerin, etc. Mas a pele muitas vezes cria uma sensibilidade contra a base de uma pomada usada por muito tempo e que o próprio medicamento não consegue suprimir. Na prática, isto fica claro quando o eczema não sara apesar da dieta rigorosa durante o uso continuado da pomada. Abandonando a pomada, a coceira diminui dia a dia e o paciente verifica rapidamente que passa melhor sem ela. O paciente segue o conselho médico de deixar a pomada sem muita convicção. Apesar da explicação detalhada, ele não compreende o mecanismo e percebe apenas o alívio momentâneo.

No tratamento com corticóides também existe o perigo de formar dependência e o paciente ficar amarrado ao medicamento por toda a vida. No caso de um tratamento prolongado, é preciso arcar com os efeitos colaterais.

Outra terapia muito comum é a desensibilização através de injeções de antígenos extremamente dissolvidos a fim de coagir o organismo a formar anticorpos. Teoricamente parece um método razoável; na prática, apesar de muito trabalhoso, é decepcionante. A condição para este tratamento é a descoberta do(s) antígeno(s). Para isso, é preciso testar inúmeras substâncias. A indústria farmacêutica coloca à disposição uma gama ilimitada de substâncias para teste, pois, teoricamente, qualquer substância no meio ambiente pode ser responsável pela alergia: cada planta, cada árvore, cada produto da indústria química, etc.

Estes testes mostram um fenômeno muito interessante. No início de uma doença alérgica, os testes indicam poucas substâncias a que o paciente reage. Quanto mais prolongada a doença, mais substâncias provocam uma reação no paciente. Isto prova que não é a substância que produz a alergia, mas a crescente deterioração da defesa imunológica, À medida que a doença evolui - se a alimentação não for mudada - aumenta constantemente o número de alergenos. Ao contrário, corrigida a alimentação, o número de alergenos diminui. Isto mostra que os testes controlam mais a capacidade de reação do organismo e menos a ação dos antígenos. Fica claro que a desensibilização baseada nos testes tem pouco efeito prático; constitui mero alívio de sintomas.

Também o muito usado tratamento com anti-histamínicos apenas serve de alívio, sem levar à cura.

RESUMINDO: O problema das alergias é um problema de proteínas. A alergia é o resultado de uma produção insuficiente de anticorpos contra os antígenos, provocada por um distúrbio no metabolismo da proteína devido ao consumo de proteína animal. Evitar o consumo de proteína animal constitui a medida terapêutica mais importante. Ao mesmo tempo é preciso assegurar elementos vitais em quantidade suficiente. Isto se consegue evitando produtos industrializados como açúcar, farinhas e óleos refinados. Além disso, há necessidade de grande quantidade de frutas frescas e saladas de hortaliças cruas. Este é o tratamento básico para eczemas de todos os tipos, neurodermatite, rinite alérgica e asma.

Leia também: Alergia - um novo enfoque - Parte 1

Alergia - um novo enfoque - Parte 2

Tomar leite é saudável? Parte 1
 

* Texto extraído do livro Doenças do Homem Civilizado Dr. Max Otto Bruker - editora TAPs.

Dr. Max Otto Bruker (1909 - 2001) foi um médico alemão, corajoso e pacifista, que durante 45 anos atuou como Diretor Clínico em diversos hospitais, promovendo uma medicina natural e ajudando inúmeros doentes através dos livros que o tornaram conhecido. Fundou em Lahnstein, em 1989, a entidade filantrópica GGB, Gesellschaft fur Gesundheitsberatung, que assegura a continuidade de sua obra.

Reprodução permitida desde que solicitada autorização da TAPs - www.taps.org.br


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