Sal e a Glândula Tireoide

Por Dr. David Brownstein *

O SAL e seu caminho para a saúde - 2ª Edição, 2010, Capítulo 8.
Tradução especial para Doce Limão: Fernando Trucco **

No Capítulo 7 - O Sal e as Glândulas Adrenais - foi demonstrado como as dietas com sal refinado e aquelas deficientes em sal podem interferir no funcionamento adrenal adequado. O estresse adrenal causa desequilíbrio nos hormônios adrenais e também causa desequilíbrio em outras glândulas endócrinas.

Todos os hormônios do organismo estão relacionados. É como uma orquestra sinfônica. Se uma glândula endócrina está fora do equilíbrio, as outras glândulas endócrinas também serão afetadas. 

As glândulas adrenais e a tireoide estão inter-relacionadas. Este capítulo explora a glândula tireoide e sua relação com a ingestão de sal, também sobre a escolha do melhor sal para a saúde humana. 

Como o sal interfere nos distúrbios da tireoide 

O sal afeta os distúrbios da tireoide de várias formas. Primeiro, temos a relação Sal/Iodo/Tireoide. No século 19 e início do século 20, os EUA enfrentavam uma epidemia de inchaço da glândula tireoide ou bócio. 

O bócio era mais comum em áreas onde o solo era deficiente em iodo. Nos EUA, esta área era conhecida como o cinturão do bócio e abrangia grande parte dos estados centrais dos EUA. 

No início do século 20, os Estados dos Grandes Lagos apresentavam a maior taxa de bócio que qualquer outra área dos EUA. Devido aos primeiros trabalhos dos pesquisadores, foi proposta a hipótese de que a adição de iodo à dieta diária das pessoas na região dos Grandes Lagos diminuiria a incidência de bócio. Em 1923-1924, o Departamento de Saúde do Estado de Michigan realizou uma pesquisa em grande escala sobre bócio em quatro condados. 

De 66 mil escolares examinados, cerca de 40% apresentaram aumento da glândula tireoide (ou seja, bócio) 1,2,3. Em 1924, introduziu-se o sal iodado nesta região. Em 1928, houve uma redução do 75% do bócio, e em 1951, menos de 0,5% das crianças em idade escolar apresentavam bócio. 

A pesquisa também mostrou uma maior redução do bócio entre usuários regulares de sal iodado em comparação com aqueles que não eram usuários deste sal. Resultados semelhantes foram relatados em Ohio em 1924-1950 4.

Devido aos resultados positivos decorrentes do uso de sal iodado em Michigan e Ohio, os demais estados dos EUA rapidamente adotou a política da adição de iodo ao sal, diminuindo assim a taxa de bócio em todo o país. Hoje, a Organização Mundial da Saúde promove ativamente o uso de sal iodado para ajudar a evitar o bócio em todo o mundo. 

Sal iodado e doenças da tireoide

A adição de iodo ao sal diminuiu a prevalência de bócio. No entanto, como descrevi no meu livro O Iodo: Por que você precisa dele, Por que você não pode viver sem ele, 4ª Edição, a quantidade de iodo adicionada ao sal não é apenas inadequada para a glândula tireoide, também é inadequada para as necessidades de iodo de nosso organismo como um todo. 

As doenças da tireoide, desde o hipotireoidismo até os distúrbios autoimunes (hipertireoidismo) têm aumentado em níveis próximos aos de uma epidemia nos últimos 30 anos. Durante esse período, os estudos realizados pelo National Health and Nutrition Examination Survey I (NHANES 1971-1974) e (NHANES 2000) mostram que os níveis de iodo caíram 50% nos EUA 5.

Esta queda foi observada em todas as categorias demográficas nos EUA: etnia, região, status econômico, densidade populacional e raça. A porcentagem de mulheres grávidas com baixas concentrações de iodo aumentou 690% ao longo desse período. A baixa concentração de iodo em mulheres grávidas mostrou um aumento no risco de cretinismo (QI < 90), atraso mental, transtorno de déficit de atenção, autismo e outros problemas de saúde na criança. 

Por que os níveis de iodo estão caindo não obstante a disponibilidade do sal iodado? 

Existem várias razões para explicar a diminuição do iodo nos últimos 30 anos. O estigma do sal como causador de alta pressão sanguínea convenceu muitos indivíduos a consumir uma dieta com baixo teor de sal. Sem a suplementação adequada de iodo, uma dieta com baixo teor de sal irá provocar um estado deficiente de iodo. Além disso, a adição de sais de bromo (inibidores de iodo e agentes tóxicos) aos nossos alimentos (basicamente na panificação), tem piorado ainda mais a situação. Também a toxicidade do nosso ambiente com exposição ao flúor e aos clorados (agentes de branqueamento) e percloratos (agentes antichamas) tem inibido a absorção de iodo pelo organismo.

Deve-se sublinhar ainda que o iodo adicionado ao sal refinado não está numa forma biodisponível para o organismo. Os pesquisadores estimam que apenas 10% do iodo adicionado aos sais fica disponível para absorção 6. Isto pode dever-se em parte aos agentes de branqueamento (clorados) utilizados no sal que inibem a absorção do iodo. 

Não é de admirar que os níveis de iodo tenham caído nos últimos 30 anos. O iodo adicionado ao sal ajuda a evitar o bócio, mas não previne doenças da tireoide nem fornece iodo suficiente para as demais necessidades do organismo. As consequências da deficiência de iodo estão sendo drásticas, incluindo aumento nas doenças da tireoide, câncer (incluindo câncer de mama), doenças autoimunes e doenças crônicas.

Sal refinado e tireoide 

A glândula tireoide é muito sensível ao nível nutricional do organismo. Se vitaminas e minerais forem deficientes, a glândula tireoide não funcionará adequadamente. O hormônio da tireoide deve ser convertido da sua forma inativa (T4) para a sua forma ativa (T3) para que o mesmo tenha efeitos benéficos sobre o nosso organismo. A Figura 4 ilustra o que acontece quando há um problema de conversão do T4.

Glândula Pituitária (Cérebro) → TSH → Glândula Tireoide → T4

(interrupção da conversão em T3 ou produção de T3 inativa) → Efeitos no organismo

Figura 4

Algumas das causas que bloqueiam a conversão de T4 em T3 incluem deficiências nutricionais. A insuficiência de Selênio, Magnésio, Iodo e outros minerais afetam a enzima que facilita a conversão de T4 em T3. O sal refinado, que não possui todos os minerais básicos, não proporcionará a nutrição adequada para a tireoide e em consequência seu uso levará a uma conversão insuficiente do hormônio T4 para o fundamental hormônio T3 ATIVO . 

O sal refinado, SEM conter os minerais necessários para realizar as reações enzimáticas, ao contrário, contém diversos aditivos tóxicos que inibem a função da tireoide, como uma conversão ineficiente de T4 em T3. Por outro lado, um sal integral, que contém mais de 80 minerais, ajuda a uma melhor função da tireoide e uma conversão mais eficiente do T4 em T3 ATIVO. 

Minha experiência tem demonstrado claramente que o sal integral alimenta corretamente a glândula tireoide e promove a saúde da mesma. No entanto, o sal integral não tem iodo adicionado, e caso seja adotado na dieta, muito provavelmente será necessário suplementar o iodo. 

Lori, uma enfermeira de 56 anos, sofria de tireoidite de Hashimoto durante dez anos. Ela estava tomando medicação hormonal para a tireoide: "A medicação para a tireoide definitivamente me ajudou. Agora posso pensar melhor e ter energia suficiente para passar o meu dia. Mas no fim do dia, fico totalmente arrasada", disse ela. Lori também reclamava de inchaço nos tornozelos e cãibras musculares que às vezes a acordavam durante a noite. Lori tinha suprimido o sal de sua dieta: "Eu pensei que era mais saudável não comer sal. Isso é o que eu ouço permanentemente no meu trabalho no hospital", afirmou. 

Quando chequei os testes laboratoriais, Lori tinha deficiência de sais minerais e de iodo. O tratamento com sal integral e iodo melhorou todos os sintomas que ela apresentava. "Depois de introduzir o Sal Celta na minha dieta, eu imediatamente senti uma melhora. Minhas cãibras nas pernas pararam e até minha pele melhorou. Agora, depois do trabalho não estou mais cansada e não tenho que ficar com os pés para cima. A melhor parte, minha comida ficou mais gostosa.", afirmou. 

Conexão da tireoide e as glândulas adrenais 

As glândulas tireoide e as adrenais estão intimamente relacionadas. Em O Sal e as Glândulas Adrenais confirmamos que o sal integral promove o funcionamento apropriado das glândulas adrenais. Se houver estresse adrenal, o organismo não pode converter o T4 inativo em T3 ativo. Assim, o sal integral, com a sua capacidade de promover a função adrenal ideal, bem como a função adequada da tireoide, pode ajudar ambas as glândulas a funcionarem normalmente. 

Comentários finais 

O uso de sal refinado provocará muitos problemas no organismo, incluindo os problemas hormonais. A glândula tireoide é muito sensível aos desequilíbrios no organismo. A ingestão constante de sal refinado provocará o mau funcionamento das glândulas adrenais, distúrbios na tireoide e finalmente o sistema hormonal ficará desequilibrado. 

O sal integral fornece o equilíbrio adequado de minerais para alimentar o sistema endócrino. Esses minerais são necessários para que a tireoide e outras glândulas endócrinas funcionem de forma otimizada. Para uma função adequada da tireoide, o sal integral deve ser nossa escolha. 

Importante a leitura na íntegra do livro SAL DA VIDA e/ou participar do
Curso OnLine SAL DA VIDA para complementar todos estes estudos.


Leia também: O Sal e as Glândulas Adrenais

- Sal refinado = no Brasil é um sal marinho que foi lavado, aditivado com antiumectantes e branqueadores óticos, além de iodato de potássio. Finalmente é moído e vendido como 'sal de cozinha', 'sal de mesa' ou mesmo 'sal marinho'.

- Sal integral = Para o dr. Brownstein é o Sal Celta. No Brasil ainda pouco difundido e disponível, sendo o Doce Limão (divulgador) e a CimSal + algumas pequenas salinas (da Costa do Sal e do Rio de Janeiro) quem o produz. Trata-se de um sal artesanal, não lavado, não moído (grosso), nem aditivado, que preserva toda a sua riqueza de sais e minerais contidos no mar que lhe deu origem. 

Bibliografia

Kimball, OP. Prevention of goiter in Michigan and Ohio. JAMA. 1937;108:860-864
Matovinovic, J., et al. Goiter and other thyroid disease in Tecumseh, Michigan. JAMA. 1965: 192:134-140
Kimball, O.P. Endemic Goiter: A food deficiency disease. J. A. Dietetic. Assn. 1949; 25:112
Hamwi, G.J., et al. Endemic goiter in Ohio school children. Am.J.Pub. Health. 1955; 45:1344
Hollowell, JE et al. Iodine nutritionin the United Sates. Trends and public health implications: Iodine excretion data National Health and Nutrition Examination Surveys I and III (1971-74 and 1988-94). J Clin Endocrinol Metab 83:3401-3408, 1998.
Abraham, G. The concept of ortho-iodo supplementation and its clinical implications. The Original Internist; 12(1): 13-19

(*) O Dr. David Brownstein é um médico de família certificado pelo Conselho e é um dos principais profissionais de medicina holística. Ele é o Diretor Médico do Centro de Medicina Holística em West Bloomfield, Michigan. O Dr. Brownstein lecionou internacionalmente para médicos e outros sobre seu sucesso no uso de hormônios naturais e terapias nutricionais em sua prática. É formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan e Wayne State University. O Dr. Brownstein é membro da American Academy of Family Physicians e do American College for the Advancement in Medicine. 

O Dr. Brownstein recebeu dois prêmios de prestígio por seus colegas. O primeiro foi dado pelo American College for the Advancement in Medicine na reunião anual de 2005. O prêmio foi o Norman E. Clarke Sr. Prêmio de Ciência e Prática. O segundo prêmio foi concedido pela Academia Americana de Medicina Integrativa em sua reunião anual de 2005 na Flórida. Este foi intitulado, Prêmio de Excelência ARC 2005 para clínico distinto por seu "Avanço no Diagnóstico e Tratamento de Doenças Crônicas".

Dr. Brownstein é autor de onze livros, entre eles: O sal e seu caminho para a saúde, Vitamina B12 para Saúde, Iodo: por que você precisa disso, porque você não pode viver sem ele, Superando distúrbios tireoidianos. Saiba mais em seu BLOG

(**) Fernando Trucco, Professional Translations. Reprodução permitida, desde que citada a fonte e o tradutor.

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* Conceição Trucom
 (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br

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