Boletim Nutrindo a Mudança – JUN/JUL 2020

Editorial
Povos indígenas sofrem ameaça intensa, mas podem nos ajudar a enfrentar a crise da pandemia
Por Susana Prizendt - C. P. C. A. P. V. e MUDA-SP 

Nas tradições indígenas, a origem de muitos elementos considerados benéficos para os seres humanos, está relacionada a uma perda, um acontecimento doloroso, vivido por integrantes de uma determinada etnia. Para o povo Sateré-Mauê, os surgimentos da castanheira, da seringueira e do cajueiro, por exemplo, ocorreram, através de processos mitológicos envolvendo a morte de guerreiros ou de animais, valorizados pela sociedade de um passado distante.

Alimentos como o caju, a mandioca ou a castanha do Pará, possuem estórias em que um ser vivente, ao ser morto, é enterrado em um determinado local e sofre uma transformação pela ação das forças da Mãe-Terra, ressurgindo como uma planta ou uma árvore, com partes comestíveis, que se tornarão ingredientes estruturais na culinária indígena.

A cultura alimentar desses povos traz, em sua essência, os ciclos de transformação da natureza, nos quais os seres vivos são gerados pela terra e a ela retornam após experenciarem suas formas corporais e percorrerem seus caminhos no mundo que conhecemos. E, acolhidos pelo ventre da Mãe-Terra, se metamorfoseiam e afloram novamente, sob novas formas corporais e com novas funções no ambiente. A vida se renova e nutre todos os seres que a compõem. As histórias dessa renovação também nutrem, espiritualmente, os seres humanos, assim como os alimentos, descritos por elas, as nutrem fisicamente.

Desta maneira, há o estabelecimento de um sentido para o fluxo vital, mesmo em relação aos seus componentes dolorosos. As perdas nunca são definitivas, mas são parte do surgimento de novos elementos, que vão enriquecer a experiência existencial. Quando este elemento é um alimento e é ingerido por integrante do povo Sateré-Mauê, esse integrante absorve a memória ancestral e espiritual, transmitida por ele, e se conecta com todo o universo material e espiritual que forma a sua cultura, criando laços de pertencimento ao processo histórico que a define.

Nos cerca de 500 anos de colonização pelos homens brancos, os povos indígenas experenciaram perdas incalculáveis, tendo sua população reduzida de milhões para milhares de indivíduos, além do sufocamento de suas culturas e da invasão e degradação de seus territórios, tão sagrados em seu modo de viver.

Mas, mesmo com essa violência, constantemente sofrida por séculos, as sociedades indígenas ainda seguem resistindo, revelando uma resiliência que só pode ser compreendida quando entendemos os conceitos, como o que expus sobre as perdas e as transformações da cultura Sateré-Mauê, que norteiam sua existência.

Agora, com o surto da COVID-19, o momento é extremamente crítico para os povos indígenas. Além da sua vulnerabilidade às doenças provocadas por vírus, eles têm sofrido falta de assistência médica, invasões de suas terras, pressões culturais por grupos religiosos evangélicos e sentido a crescente destruição ambiental, promovida pela atual administração do país.

Um estudo realizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) revelou que as taxas de contaminação e mortalidade por Covid-19 nas comunidades indígenas na Amazônia são mais altas que a da região e a do país, sendo que a taxa de mortalidade entre indígenas pela doença é 150% maior do que taxa média da população brasileira, em geral. Segundo matéria do portal G1, “Diante do avanço da pandemia do coronavírus entre os povos indígenas, a preocupação com as essas comunidades passa a tomar conta das autoridades sanitárias e de cientistas, inclusive sobre a extinção dos povos indígenas em decorrência da Covid-19. O procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliésio Marubo chegou a alertar, em entrevista à Rede Amazônica, a respeito de um possível genocídio, ou seja, extermínio total da população indígena.”

Em virtude da gravidade da ameaça de extermínio, o observatório De Olho nos Ruralistas mudou o nome de sua cobertura da epidemia para De Olho no Genocídio, enfatizando o aspecto político dessa matança dos povos do campo — indígenas, quilombolas e camponeses em suas várias ramificações — durante a crise do novo coronavírus.

Muitas lideranças de vários povos indígenas já morreram vitimadas pela epidemia, como os caciques Paulinho Paiakan e o Kaingang Lourenço Amantino, além do educador Higino Tenório, líder do povo Tuyuka, expondo as perdas imensuráveis que suas comunidades e sua cultura vêm sofrendo.

Há várias iniciativas em curso para frear esse drama e você pode contribuir, assinando a petição dos povos Yanomami https://www.foragarimpoforacovid.org/, apoiada pelo ISA e fazendo uma doação  diretamente para alguma comunidade, como a Tekoa Itakupe, no Jaraguá, em São Paulo, que acaba de ser vítima de um incêndio (abaixo, compartilhamos os dados para quem puder doar).

Mas precisamos ir muito além de dar nosso apoio aos povos indígenas, para que consigam superar o momento dramático que enfrentam atualmente, precisamos aprender com eles a resistir às ameaças e a compreender os ciclos de transformação da natureza, para que possamos extrair novas forças e sentidos do que nos parece, em uma primeira impressão, ser somente um conjunto de perdas individuais e coletivas.

É hora de mergulharmos no ventre da Mãe Terra, recebermos sua energia vital e voltarmos renovados para iniciar um novo caminho em nossa civilização, um caminho que nos nutra de corpo e alma, acolhendo todos os seres humanos com solidariedade, justiça e respeito às diferenças étnicas, sexuais, políticas, etárias e religiosas.

Que, a partir da experiência dolorosa da pandemia, possamos colher frutos preciosos, fortalecendo nossa vivência conjunta no planeta Terra. 

Obs – Para doar para a Tekoa Itakupe, deposite na conta a seguir: Banco do Brasil Agência 0297-6 Conta Corrente 074870-6 Nome Geni Vidal CPF 344089178-00
          

Saber Funcional 
As festividades juninas podem ser celebradas em casa, confira receitas nutritivas e bem saborosas
Por Valéria Paschoal - VP Consultoria Nutricional   
     

Estamos no mês que comemoramos as festas juninas em quermesses ou em sítios. Durante esse período de quarentena, que tal fazer uma festa junina virtual com seus amigos e familiares? Cada um prepara uma receita e juntos podem fazer bingo, dançar, comer, conversar, cada um na sua casa. Este é um momento de grande união, que devemos continuar tomando todos os cuidados e medidas para evitar a contaminação do COVID-19.

Geralmente, nas festas juninas encontramos muitas comidas típicas, no entanto, algumas preparações por mais que sejam saborosas, não são nutritivas, e podem nos causar danos futuros. Assim, preparei duas receitas típicas, que além de muito saborosas são nutritivas. 

           Receita 1: Bolo de Milho com óleo de licuri 

           Ingredientes: 3 espigas de milho / 1 ½ xícara de chá de fubá / ½ xícara de chá de coco ralado (usar coco fresco e ralar) / 1/3 xícara de chá de óleo de licuri (pode usar o óleo vegetal de sua preferência) / 3 bananas maduras / 1 xícara de chá de água / 1 colher de sopa de vinagre de maçã / 1 colher de sopa de fermento biológico / 1 pitada de sal.

           Modo de preparo: Corte o milho, separando os grãos da espiga (use uma faca é bem rápido), rale o coco fresco (não usar o coco industrializado pois é cheio de açúcar). Bata todos os ingredientes no liquidificador até formar uma massa uniforme. Unte uma forma com óleo de licuri e o fubá. Leve ao formo pré-aquecido a 180°C por aproximadamente 40 minutos ou até enfiar a faca e ela sair seca.  A calda é opcional. Você pode usar melado, ou goiabada derretida com coco ralado. 

           Receita 2: Uva quente 

           Ingredientes: 1 litro de suco de uva integral orgânico / 2 Maçãs picadas / 5 fatias de abacaxi picadas / 1 pau de canela / Cravo da índia a gosto.

           Modo de preparo: Pique as maçãs e o abacaxi, e em uma panela misture todos os ingredientes e coloque para esquentar no fogo médio. Sirva sua Uva Quente!               

Já Mudou!
Webinário da Aliança debate o tema da alimentação para estudantes em tempos de pandemia 
Por Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável 

A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), realizaram na quinta-feira, dia 18 de junho, o webinário “Alimentação para estudantes em tempos de pandemia”. Você pode conferir a íntegra do evento online no canal da ONU Brasil no Youtube ou no perfil da Aliança no Facebook

O evento contou com apresentações de Bruno Silva, especialista de educação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Maria Silvia Bacila, secretária municipal de educação de Curitiba, Alexandre Lima, da secretaria de desenvolvimento rural e agricultura familiar do Rio Grande do Norte, e Catarina Almeida, coordenadora do comitê DF da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. 

Clique abaixo para fazer download:

      • da apresentação feita pela secretária de educação de Curitiba
      • da apresentação feita pelo secretário de desenvolvimento rural do Rio Grande do Norte
      • da publicação “Guia COVID-19: Alimentação Escolar” da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

O encontro contou com a moderação de Najla Veloso, coordenadora de alimentação escolar da FAO, e teve como objetivo a apresentação de experiências de cidades e estados que estão garantindo o fornecimento de alimentação aos estudantes durante a pandemia, apesar das adversidades.

O seminário virtual é parte da campanha iniciada em maio de 2020 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), FAO no Brasil e Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável para promover e destacar o PNAE como um programa estratégico para alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e como garantia do direito humano à alimentação adequada do público escolar. O material de comunicação da campanha e outras informações estão disponíveis na página web da Aliança: https://alimentacaosaudavel.org.br/alimentacao-escolar-e-covid19/.        


Vamos Mudar?
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor lança série especial A Gente Não Quer Só Comida
Por equipe IDEC

Você já ouviu a série especial A Gente Não Quer Só Comida que o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) produziu em parceria com o Unicef e que faz parte do podcast Ouvi Direito?

Se ainda não, ela continuará disponível em várias plataformas para ouvir a qualquer hora. Veja o que rolou em cada episódio e saiba mais sobre nossos direitos à uma alimentação mais saudável.

Série "A gente não quer só comida" #04


Em geral, as crianças passam boa parte do dia na escola, onde também se alimentam, mas você sabe como anda a alimentação no ambiente escolar? Como ela influencia na formação das crianças? Existem regras? Dá pra fazer lanches mais saudáveis para hora do recreio? Essas e outras respostas você encontra no último episódio da série, que tem a participação das nutricionistas e consultora técnicas do Idec Giorgia Russo e Patrícia Gentil e também recebe as jornalistas Desirée Ruas e Rita Lisauskas. A série tem a apresentação de Regis Salvarani e é feita em parceria com o Unicef.

LIMITES NA PUBLICIDADE DE ALIMENTOS

A publicidade de alimentos é um dos principais obstáculos para uma alimentação adequada e saudável, segundo o Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde e como nosso estudo realizado em parceria com o Unicef apontou. . Para debater esse dado, convidamos a nutricionista do Idec Laís Amaral e a vice-coordenadora do LabGRIM/UFC Inês Vitorino. A série tem a apresentação de Regis Salvarani e é feita em parceria com o Unicef.

 
COMO OS RÓTULOS INFLUENCIAM NA NOSSA ALIMENTAÇÃO?

Sabe aqueles rótulos nutricionais que têm em todos os alimentos e quase ninguém entende? Se fossem mais simples, priorizando a compreensão dos consumidores para de fato entendermos o que estamos comendo e bebendo, ajudariam a controlar doenças e distúrbios ligados à má alimentação. Para explicar melhor porque os rótulos nutricionais são tão importantes, a Ana Paula Bortoletto, coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, e a Ana Clara Duran, pesquisadora do Nupens/USP e Unicamp vieram conversar com a gente. A série tem a apresentação de Regis Salvarani e é feita em parceria com o Unicef.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS 

 

Em meio à pandemia do coronavírus, muitas dúvidas surgem sobre o que e como devemos nos alimentar para manter uma dieta saudável. Pensando nisso, convidamos Ana Paula Bortoletto, coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, e Stephanie Amaral, oficial de saúde do UNICEF no Brasil, para explicar pra gente o que é isso na prática e dar dicas de prevenção neste período. A série tem a apresentação de Regis Salvarani e é feita em parceria com o Unicef.

Brotar é Preciso
A ingestão adequada de vitamina K contribui para nos proteger contra as doenças pulmonares
Por Fernando Trucco – Doce Limão 

Enquanto você se defende do corona vírus usando uma máscara, distanciando-se socialmente e mantendo seu sistema imunológico forte talvez esteja esquecendo-se de uma vitamina que pode ser a chave para mantê-la protegida da COVID-19:  a Vitamina K. De acordo com o jornal inglês The Guardian, novas descobertas mostrariam que existe “uma relação entre a deficiência de vitamina K e os consequências mais graves do corona vírus”. Por que a vitamina K pode ser a chave?

"A doença chamada COVID-19 causa coagulação do sangue e produz degradação das fibras elásticas dos pulmões", explica o artigo do jornal. "A vitamina K, ingerida através dos alimentos e absorvida no trato gastrointestinal, é chave para a produção de proteínas que regulam a coagulação e podem proteger contra doenças pulmonares".

Devido ao efeito daninho da COVID-19 no sistema respiratório essa proteção pode ser fundamental para acrescentar mais um nível de defesa. A pesquisa, liderada pelo Dr. Rob Janssen foi realizada em parceria com o Instituto de Pesquisa Cardiovascular Maastricht, um instituto de pesquisa cardíaca e vascular da Europa. Ao longo de um mês, eles estudaram 134 pacientes e descobriram que muitas pessoas que haviam falecido ou haviam sido internadas na UTI tinham carência de vitamina K.

"Meu conselho seria prescrever suplementos de vitamina K", disse o Dr. Janssen ao The Guardian. “Mesmo que não seja uma solução para os casos mais graves da Covid-19 é benéfica para os vasos sanguíneos, ossos e provavelmente também para os pulmões”.

“Estamos em uma situação terrível no mundo. Esta recomendação não tem efeitos colaterais, inclusive menos que um placebo. Há, porém uma grande exceção: as pessoas que usam medicamentos anticoagulantes deveriam discutir o assunto com seu médico e evitar o consumo de vitamina K suplementar. Para as demais pessoas esta vitamina é completamente segura”.

Como incluir vitamina K na sua dieta?

"A vitamina K se apresenta em duas formas: K1 e K2. A forma K1 está no espinafre, brócolis, vegetais verdes, abacates, todos os tipos de frutas e vegetais", continuou Janssen. "A forma K2 é mais bem absorvida pelo organismo, porém está presente em níveis significativos nos alimentos fermentados”.

"A melhor maneira de obter a necessidade diária de vitamina K é incluir na sua dieta os alimentos que a contenham", diz MedLinePlus.

De uma forma geral a vitamina K é encontrada em frutas e vegetais de folhas verdes como, abacates, couves e repolhos, espinafres e bertalhas, nabo e suas ramas, acelga, salsa e alface americana.

Principais alimentos ricos em vitamina K

A vitamina K é uma vitamina solúvel em gordura, isto significa que você precisa consumi-la junto com uma fonte de gordura para absorvê-la adequadamente.

De acordo com Melissa Groves, RDN, LD, CLT fundadora da Avocado Grove Nutrition & Wellness, alimentos ricos em vitamina K são necessários para uma variedade de funções importantes do organismo:

"Seu organismo usa vitamina K para produzir proteínas importantes para regular a coagulação do sangue, manutenção da saúde óssea e prevenção de depósitos de cálcio nos tecidos moles, como artérias, rins e outros órgãos", diz Groves.

Além de ajudar no bom funcionamento geral do organismo, a vitamina K pode ser útil no controle da diabetes. "É possível que a vitamina K ajude a controlar os níveis de açúcar no sangue”, diz Amy Gorin, MS, RDN, proprietária da Amy Gorin Nutrition na área de Nova York. No entanto, se você tem diabetes e deseja experimentar ou está tomando um suplemento de vitamina K, é conveniente que discuta com seu médico a necessidade de fazer ajuste nos seus medicamentos.

O valor diário recomendado da vitamina K é de 120 microgramas para homens adultos e 90 microgramas para mulheres adultas. Média: 110 microgramas/adulto.

A seguir relacionamos os principais alimentos ricos em vitamina K, ordenados de menor a maior em relação com o conteúdo desta vitamina. Os percentuais dos valores diários (%VD) indicados são para adultos com mais de 19 anos. Esta relação lhe ajudará a ter perfeita consciência de como pode garantir os nutrientes suficientes para suas necessidades diárias de uma maneira variada e saudável.

Trigo Sarraceno ou Santo Sarraceno - Cada 1 xícara (170 gramas) contém 4,0 microgramas, porém fermentado conterá 8,0 microgramas (7,27% VD)

Uvas - ½ xícara de uvas contém 6,7 microgramas de vitamina K (6,1% VD)

As uvas são uma ótima opção quando você procura um lanche doce e saudável, fácil de comer em qualquer lugar. As uvas, especialmente a variedade preta, também contêm antioxidantes chamados polifenóis.

Azeite de Oliva - Uma colher de sopa contém 8,1 microgramas de vitamina K (7,36% VD)

O azeite de oliva pode ser usado como uma gordura saudável para cozinhar e para temperar, mas é bom lembrar que também contém vitaminas importantes. O azeite de oliva contém vitamina E; você pode regar o azeite de oliva em vegetais e saladas o que outorga a seus pratos um sabor extra.

Cenouras cruas - Uma cenoura média contém 8,1 microgramas de vitamina K (7,36% DV)

A cenoura crua é também uma ótima fonte de vitamina A conhecida por seus benefícios para a saúde ocular entre outros. Também contêm uma quantidade razoável de vitamina K. Corte as cenouras em palitos para um lanche, ótimos para mergulhar num molho de húmus ou guacamole; é uma boa ideia, porque combinar a vitamina A e uma fonte de gordura é o ideal. Também pode desfiar as cenouras e adicioná-las às saladas para obter um pouco de cor e crocância.

Castanhas de caju - 28,5 g de castanha de caju contêm 9,7 microgramas de vitamina K (8,8% VD)

A castanha do caju é uma excelente alternativa às amêndoas. Assim, na próxima vez que desejar um lanche salgado e queira ter certeza de que está recebendo vitamina K, pense nelas (versão crua e sem sal). Também uma ótima fonte de potássio e ferro.

Sucos verdes e selvagens - 180 ml contém cerca de 11,0 microgramas de vitamina K (10,0% VD)

Coquetel de vegetais uma ótima fonte de vitaminas, incluindo vitamina A, vitamina C e vitamina K. Você ficará 11,0 microgramas mais perto de sua ingestão diária total de vitamina K com apenas um delicioso suco. Desfrute do suco de vegetais como uma bebida refrescante ou misture-o ao seu smoothie da manhã para obter nutrição extra. Lembrando que ao ser fermentado praticamente dobrará em vitamina K (no caso a K2) mais fácil de assimilar.

Alface americana - Uma xícara de alface americana picada contém 13,7 microgramas de vitamina K (12,45% VD)

Use alface americana da próxima vez para obter mais vitamina K. Se as saladas de alface sozinhas não são sua refeição preferida, tente usar folhas de alface como "envoltórios" com recheios de sua preferência.

Quiabo - ½ xícara de quiabo contém 15,7 microgramas de vitamina K (14,27% VD)

O quiabo é uma opção vegetariana muito nutritiva. Tente adicionar quiabo a sopas, ensopados ou outros pratos vegetarianos. Assar ou torrar quiabo é outra forma ótima de consumi-lo porque tira à textura viscosa que às vezes afasta deles as crianças.

Suco de romã - ¾ de copo de suco de romã contém 19,4 microgramas de vitamina K (17,64% VD)

As romãs podem ser mais conhecidas por suas sementes do que pelo suco, mas o suco fornece uma grande dose de vitamina K. Um copo de suco de romã é um refrescante complemento para obter a vitamina K que precisa.

Abóbora - 1/2 xícara de abóbora cortada contém 19,6 microgramas de vitamina K (17,82% VD)

Abóboras são um ótimo alimento para adicionar à sua dieta diária. Pode consumir simplesmente cozida ao dente no vapor (3 minutos) ou bem pode ser adicionada a batidos, sopas e molhos obtendo-se com uma consistência cremosa extra. Pense que ao fermentá-las duplicamos seu valor em vitamina K.

Natto - ½ xícara de natto contém 20,2 microgramas de vitamina K (18,36% DV)

Natto, ou soja fermentada, é um alimento tradicionalmente apreciado na culinária japonesa. É uma ótima fonte de proteína, com mais de 16 gramas por porção de meia xícara. Contém também 4,7 gramas de fibra, que, combinados com os probióticos da fermentação, fazem dele uma ótima opção para promover a saúde intestinal.

Edamame ** - ½ xícara de edamame contém 20,7 microgramas de vitamina K (18,82% VD)

Se você gosta de sushi, é provável que também goste de edamame. O edamame não é apenas uma ótima fonte de vitamina K, mas também contém mais de nove gramas de proteína em cada porção.

(**) Soja ainda na safra verde, muito comum no Japão e outros países asiáticos.

Suco de cenoura - ¾ de xícara de suco contém 27,4 microgramas de vitamina K (24,90% VD)

Uma boa ideia é usar o suco de cenoura no suco verde e incluir mais vitamina K e vitamina A no seu dia.

Abacates - 1 xícara de abacate (300 gramas) contém 63 microgramas de vitamina K (57,3% VD

Além da vitamina K abacates são ricos em fibras, potássio e ômega-9. Com este pacote de nutracêuticos trata-se de alimento perfeito para atletas e na prevenção de diabetes, problemas cardiovasculares e osteopáticos.

Brócolis - 100 gramas de brócolis crus contêm 110 microgramas de vitamina K (100% VD)

Os brócolis são uma ótima fonte de vitaminas A, C e K, tornando-o uma escolha inteligente e nutritiva. Além da vitamina K, também contém potássio e fibra. Ótimo em saladas ou para acompanhar massas ou sopas.

Espinafres e bertalhas - Uma xícara de espinafre contém 144,9 microgramas de vitamina K (132 VD)

Lembre-se de acompanhar seu espinafre com uma gordura saudável, como azeite de oliva ou de abacate, para favorecer a absorção da vitamina K no seu organismo. Outra ideia é misturá-la no seu smoothie de fruta da manhã. Não se esqueça do abacate, manteiga de noz ou óleo de coco também!

Nabos e rabanetes - ½ xícara contém 264,7 microgramas de vitamina K (241% VD)

Não fique entediada de comer os mesmos vegetais todos os dias. Por que não tentar nabos e rabanetes + suas folhas tenras? Além de ser uma excelente fonte de vitamina K são muito saborosos. Gosto muito mais deles fermentados, por exemplo com maçã e limão: divinos!

Couves: manteiga, de brócolis, de couve-flor e repolhos - ½ xícara de couve contém 386,3 microgramas de vitamina K (351,2% VD)

As couves estão no topo da lista de alimentos com vitamina K. Se isso não for suficiente, a couve também é uma ótima fonte de vitamina A e fibras. As folhas verdes de couve também são excelentes "embrulhos" para combinar com seus recheios favoritos.

       

Semeando
Movimente-se com a programação online de vídeos, petições, podcasts e produtos solidários!
Manifestos, petições e questionários de pesquisa

- O governo federal ameaça acabar com a renda básica emergencial de R$ 600 reais. Ele já anunciou que quer cortar o valor para R$ 300 e estender sua duração apenas até agosto. Para evitar que os setores mais vulneráveis da população do país sofra essa dura perda, as organizações proponentes da iniciativa estão mobilizando a sociedade para pressionar o Congresso Nacional e fazer com que ele garanta a continuidade do auxílio no valor de R$600,00 até dezembro. Pressione você também: www.rendabasica.org.br

- Está no ar o site da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares. Acesse para acompanhar as novidades, ações e comunicados. Destaque para a cobertura dos atos simbólicos em defesa da vida, apresentando as manifestações, realizadas por todo o país, com fotos e vídeos.

- A Rede Sustenta, iniciativa do Observatório de Estudos em Alimentação Saudável e Sustentável (ObASS) da Universidade Federal de Santa Catarina, lançou um chamamento para conhecer a experiência de entidades vinculadas à Agricultura Familiar (associações, cooperativas e outros coletivos) e também individuais, sobre as questões relacionadas à produção e comercialização de alimentos frente a pandemia do coronavírus (covid-19).  As informações coletadas irão servir para o entendimento e fortalecimento da articulação entre os setores nesse período, contribuindo para o fomento de políticas públicas e privadas promotoras da agricultura familiar e de consumo para uma alimentação mais saudável e sustentável.  Colabore, respondendo algumas perguntas por meio desse link: https://bityli.com/9od3f   

Cursos e Vídeos

- A VP Centro de Nutrição Funcional segue com as inscrições abertas para vários cursos online. Já o Canal VP tem realizado lives imperdíveis. Recomendamos a que abordou o tema da fitoterapia, com as Dras. Valéria Paschoal e Natália Marques.

- Está sendo lançado o Programa Comida de Verdade com o MST. Ele trará um pouco do que o MST está fazendo durante a quarentena, mostrando como as famílias Sem Terra estão produzindo alimentos saudáveis para todo o povo brasileiro. No dia de São João, 24 de junho, às 11h, você poderá conhecer histórias, experiências e muita luta de resistência contada por trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra. NÃO PERCA! A estreia do Programa Comida de Verdade acontecerá em todas as redes sociais do MST.

- Como ocupar a cidade na garantia de direitos? Como educar nos espaços ao ar livre? Quais são as formas de educação e ocupação do território durante a pandemia? Este debate online, com participação de Nubia Amorim, Kim Alecrim, Eudóxia Carvalho e Estela Cunha, traz uma ótima discussão sobre o impacto das hortas urbanas na geração de renda, na ocupação consciente dos territórios e na garantia da segurança alimentar durante a pandemia.

- Em um vídeo no Instagram de @petfarmaciaviva, Lucas Ciola, integrante do MUDA, apresenta o trabalho agroecológico que a rede de ativistas em São Paulo vem fazendo para contribuir no combate aos efeitos da crise econômica e pandêmica na região. Destaque para a ampliação da distribuição de alimentos saudáveis, vindos diretamente dos agricultores familiares, dos assentamentos da reforma agrária e das comunidades quilombolas, para a população em vulnerabilidade. Imperdível!

Recomendações de conteúdos online:

- O coletivo Pontes da Terra inaugura o seu canal de podcasts com um episódio sobre os impactos da pandemia na segurança alimentar da população brasileira . Visando compreender qual a situação da fome no Brasil atualmente, a conversa traz Doriano Moralez, do movimento Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul; Lis Furlani, doutoranda em Antropologia Social na Unicamp e pesquisadora sobre a fome; Elizandra Cerqueira, presidente da Associação de Mulheres de Paraisópolis (São Paulo). Para apoiar a campanha emergencial Guarani Kaiowá, acesse https://linktr.ee/guaranikaiowa e para acompanhar o trabalho da Associação de Mulheres de Paraisópolis, entre no link: https://www.facebook.com/MulheresParaisopolis  Mais informações e link para doação no site: www.pontesdaterra.com.br

-  A edição 6 da Rádio VIVEAGORA traz uma entrevista reveladora e alarmante sobre agrotóxicos com a Dra Monica Lopes Ferreira, pesquisadora do Instituto Butantã. Discutir agrotóxicos exige ir além do aspecto de saúde: é uma questão fortemente afetada por interesses políticos e econômicos, especialmente num país tão dependente da agricultura como o Brasil. Nesta entrevista, gravada no começo de fevereiro (antes da chegada da Covid-19 ao Brasil, portanto), Mateus Potumati e Don L investigaram o tema com a Dra Monica Lopes Ferreira. Doutora em imunologia e pesquisadora do Instituto Butantã, Monica ficou conhecida em 2019 ao divulgar os resultados alarmantes de um estudo de sua autoria, que concluía não haver índices seguros para o consumo de nenhum agrotóxico entre as 10 classes mais utilizadas do Brasil. O estudo, que provavelmente teria repercussão mundial, foi contestado publicamente pela Ministra da Agricultura Tereza Cristina. Após isso, a Dra Monica passou a enfrentar perseguições em várias frentes e sua pesquisa foi interrompida. No podcast, ela aprofunda os detalhes alarmantes do seu estudo – como o fato de que toda água consumida no Brasil tem vestígios de agrotóxicos -, as conexões entre agrotóxicos e doenças, políticas em outros países e alternativas ao uso desses produtos. 

- Foi lançado o Caderno de Metodologias com inspirações para desenvolver a Agroecologia na educação básica, produzido pelo projeto de extensão "Agroecologia nas escolas públicas: educação ambiental e resgate de saberes populares", da UFPR Litoral. Confira e divulgue!

- No dia 24/06, dia de São João, vai rolar uma nova live do Joio e o Trigo. Dessa vez, o tema será cultura alimentar, já que todos estão com saudade de uma festa junina. Para não deixar passar, a conversa irá abordar como esta celebração conta nossa história alimentar. O convidado especial é o Glenn Makuta, do Slowfood Brasil. E, quando passarem esses tempos difíceis, nos encontramos para um arraiá de verdade, combinado?

Recomendações de produtos solidários

- A APIB - Articulação dos Povos Indígenas do Brasil está comercializando uma  linha exclusiva de máscaras, decoradas com grafismos indígenas, feitas por artesãs Kokamas do Parque das Tribos, em Manaus, para ajudar aldeias e comunidades do Amazonas a enfrentar os efeitos econômicos da pandemia de covid-19. As indígenas, que mantém parte da renda por meio da arte, foram extremamente afetadas com a restrição e bloqueio temporário de comércios e feiras livres de Manaus. #mascarasalvamvidas. Ajude o artesão indígena a continuar espalhando beleza e ancestralidade. Saiba mais como ajudar os indígenas Kokama a enfrear a pandemia de covid-19. WhatsApp: 92 99150 6744.


CSAção     
Associação Comunitária CSA Brasil estimula Comunidades que Sustentam a Agricultura no país
Por Susana Prizendt - C. P. C. A. P. V. e MUDA-SP 

A Associação Comunitária CSA BRASIL é uma organização sem fins lucrativos que constrói, como modelos, projetos agrícolas baseados na comunidade, nos quais os agricultores podem se orientar para garantir um futuro a pequenos empreendimentos agrícolas. O CSA BRASIL também acompanha e supervisiona estes projetos em forma de rede, que já se espalhou por todo o Brasil.

O objetivo é, ao contrário de uma monocultura, desenvolver uma diversidade na agricultura na qual as fazendas e seus trabalhadores tem garantida uma renda equilibrada, sólida e são apoiados no processo de transição para uma agricultura ecológica.

A agricultura familiar está ameaçada de desaparecer. O CSA garante essa forma de agricultura e cria uma entrada para pessoas da cidade para o campo. Crianças e jovens ganham em especial nesta interação.

Assim surge a cooperação entre fazendas CSA e escolas, professores e pais. Essa cooperação reflete em especial na saúde das famílias e melhora a alimentação de adultos e crianças. A criação do CSA BRASIL foi apoiada pelo Ministério da Agricultura. Além disso, também é apoiado por doações e taxas de associação. O CSA BRASIL é representado na rede Urgenci internacional.

 

Cuidado: Veneno!
Multinacionais vendem no Brasil agrotóxicos ‘altamente perigosos’ proibidos em seus países
Por Pedro Grigori - Agência Pública/Repórter Brasil 

Além de ser o maior consumidor de agrotóxico no mundo, estudos mostram que a legislação permissiva torna o Brasil o pote de ouro das principais companhias agroquímicas do planeta. Dois trabalhos publicados no último ano revelaram que as multinacionais Bayer, Basf e Syngenta encontram no Brasil um dos seus principais mercados, já que conseguem colocar nas prateleiras produtos proibidos de serem comercializados até mesmo na União Europeia (UE), onde ficam suas sedes.

O grau de toxicidade desses pesticidas é preocupante: 22 deles foram classificados pela Rede de Ação contra Agrotóxicos (PAN, na sigla em inglês) como altamente perigosos (highly hazardous pesticides, na sigla em inglês, ou HHPs).Essa classificação é feita a partir de critérios desenvolvidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) por serem tóxicos para o sistema reprodutivo, poderem causar alterações no DNA, por serem cancerígenos ou fatais para abelhas e outros polinizadores.

Mesmo banidos no exterior, esses produtos rendem milhões no Brasil. Foram vendidas mais de 63 mil toneladas em 2018 de apenas 10 desses 22 agrotóxicos, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os outros 12 produtos não entraram no relatório por questões de sigilo comercial, o Ibama divulga apenas dados sobre ingredientes ativos que têm três ou mais empresas fabricantes. O relatório também não especifica quantos desses agrotóxicos vendidos eram das empresas Bayer, Syngenta e Basf. 

Quais são as empresas? 

Em 2017, o mercado mundial de agrotóxicos movimentou US$ 34,4 bilhões, de acordo com a FAO/ONU. E é um setor aglomerado cada vez mais nas mãos de poucas empresas. Com sede na Suíça, a Syngenta faz parte do grupo ChemChina, líder mundial do setor. Em segundo lugar fica a empresa alemã Bayer, que apresentou grande crescimento em 2018 após adquirir a Monsanto, produtora do herbicida Round Up, à base de glifosato, o agrotóxico mais vendido do mundo. O pódio fica completo com a alemã Basf. As três empresas juntas controlam 54,7% de todo setor de produção de agroquímicos global. Em 2018, 36,7% dos ingredientes ativos vendidos pela Bayer e 24,9% pela Basf no mundo todo eram altamente perigosos, de acordo com a definição da PAN.

As informações constam no estudo “Agrotóxicos Perigosos. Bayer e Basf – um negócio global com dois pesos e duas medidas”. O relatório, produzido pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, a rede INKOTA, a Fundação Rosa Luxemburgo, a MISEREOR e a organização sul-africana Khanyisa, traz dados das vendas das empresas alemãs em países em desenvolvimento. Segundo o estudo, os agrotóxicos altamente perigosos têm maior facilidade de chegar ao mercado de países do Sul global devido aos processos mais flexíveis de registro de agrotóxicos. Um exemplo é o Brasil: 44% das substâncias registradas aqui são proibidas na União Europeia, mostrou um relatório de julho do ano passado feito pelo ex-presidente da Associação Brasileira da Reforma Agrária (ABRA), Gerson Teixeira Alan Tygel, porta-voz da Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, explica que o ponto de partida do estudo foi a Alemanha. “A Alemanha é o segundo maior exportador de agrotóxicos do mundo, por conta dessas duas grandes empresas produtoras. A Alemanha exporta 233 ingredientes ativos. Desses, nove são banidos na União Europeia, mas produzidos dentro da própria Alemanha e depois exportados”, conta. “Dos 233 ingredientes ativos exportados pela Alemanha, 62 são considerados altamente perigosos”, completa.

O estudo mostra que a metade dos 24 ingredientes vendidos no Brasil pela Bayer e Basf são altamente perigosos. Um desses é o Fipronil, um ingrediente ativo utilizado em inseticidas vendidos pela Basf. O produto entrou na lista da PAN por ser fatal para abelhas. Nos anos 90, foi culpado por uma morte maciça de abelhas na França. Em 2017, milhões de ovos de galinha acabaram contaminados por Fipronil na Bélgica e na Holanda. No mesmo ano, o produto foi banido de toda a União Europeia por representar “um alto risco agudo para as abelhas quando usado para o tratamento de sementes de milho”, segundo a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA).

No Brasil, o inseticida foi apontado por apicultores como o principal responsável pela morte de mais de 500 milhões de abelhas entre 2018 e 2019. Só em 2018, segundo o Ibama, foram comercializados 1,6 mil toneladas do pesticida no país. Ele é usado em plantações de algodão, batata, soja e milho. Vendido pela Bayer, outro item polêmico da lista é o fungicida Carbendazim, que está fora do mercado europeu desde 2016. Entre os malefícios do ingrediente ativo está a possibilidade de causar defeitos genéticos, prejudicar a fertilidade e o feto, além de ser muito tóxico para corpos d’água, segundo o relatório da Campanha Contra os Agrotóxicos. O produto também está na lista da PAN por poder causar alterações do DNA e ser tóxico para o sistema reprodutivo.

No Brasil, as vendas do Carbendazim chegaram a 4,8 mil toneladas em 2018, segundo o Ibama. Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu início a reavaliação desse ingrediente ativo, para decidir se o produto continua ou não no mercado. O processo é lento, e pode demorar mais de uma década, como ocorreu recentemente com o Glifosato, que teve a registro renovado após 11 anos de reavaliação. Enquanto isso, pode continuar sendo vendido. Ele é usado em culturas de feijão, soja, trigo e laranja.

O relatório pede que o Governo da Alemanha aprove um decreto proibindo a exportação de ingredientes ativos de agrotóxicos que não são permitidos na União Europeia. “Não temos dados sobre qual empresa produz as substâncias importadas e nem para quais países essas substância são exportadas”, explica a pesquisadora alemã Lena Luig, da rede Inkota, que faz parte do relatório.

Syngenta lucra bilhões vendendo agrotóxicos perigosos para países pobres, diz estudo

No ano passado, a organização não governamental Public Eye, da Suíça, divulgou o relatório “Lucros altamente perigosos – Como a Syngenta ganha bilhões vendendo agrotóxicos altamente perigosos”. O estudo mostra que agrotóxicos considerados altamente perigosos são usados intensamente em países de baixa e média renda, embora sejam banidos na Suíça, país-sede da Syngenta.

Com base em dados exclusivos da Phillips McDougall, empresa líder em inteligência do agronegócio, o relatório da Public Eye estima que a Syngenta tenha arrecadado cerca de US$ 3,9 bilhões com a venda de agrotóxicos altamente perigosos em 2017, o que representa mais de 40% de suas vendas naquele ano.

Cerca de dois terços dessas vendas foram feitas em países de baixa e média renda, tendo o Brasil como maior mercado. “51 dos 120 ingredientes ativos de agrotóxicos do portfólio da Syngenta não estão autorizados em seu país de origem, a Suíça, e dezesseis deles foram banidos devido ao impacto na saúde humana e no meio ambiente. Mesmo retirados do mercado natal, a Syngenta continua a vendê-los em demais países”, diz o relatório.

O estudo apresenta 10 ingredientes ativos vendidos pela empresa no Brasil que são banidos na União Europeia e aparecem na lista de altamente perigosos da Pan. Um deles é o herbicida Atrazina, quarto agrotóxico mais usado do Brasil – foram 28,7 mil toneladas em 2018, segundo o Ibama. O produto, usado em culturas de cana-de-açúcar, milho e sorgo, foi banido da União Europeia por causar distúrbios endócrinos, afetando o sistema hormonal. “A atrazina tem sido proibida na Suíça e na UE por muitos anos devido à sua ampla e duradoura contaminação das fontes de água potável”, completa e Carla Hoinkes, pesquisadora de agricultura da Public Eye e uma das autoras do estudo.

Outro líder de vendas da lista é o Paraquate, sexto agrotóxico mais usado no Brasil, com 13,1 mil toneladas. O produto é proibido na Suíça desde 1989 e na União Europeia desde 2017, devido à alta toxicidade. “O Paraquate é tão tóxico que a ingestão acidental de um único gole pode matar. Ele é proibido em mais de 55 países, mas a Syngenta continua a vendê-lo onde ainda é permitido”, explica Carla.

A Anvisa decidiu em 2017 que o Paraquate deveria ser retirado do mercado brasileiro. Ele deve ser totalmente proibido a partir de 22 de setembro deste ano. Mas há um forte lobby contrário capitaneado pelo agronegócio, que até formou uma “força-tarefa Paraquate” para tentar reverter a decisão

Um dos principais produtos da Syngenta, o inseticida Tiametoxam, não tem os dados de vendas divulgados devido ao segredo comercial. Inseticida da família dos neonicotinóide, ele é fatal para polinizadores. “O tiametoxam da Syngenta, assim como o Imidacloprida da Bayer [que vendeu 10 mil toneladas no Brasil em 2018], são dois inseticidas neonicotinóides ‘matadores de abelhas’ que foram proibidos nos campos europeus e suíços em 2018, após uma longa batalha legal. Segundo a FAO e a OMS, uma quantidade crescente de evidências sugere que os inseticidas neonicotinóides ‘estão causando efeitos nocivos às abelhas e a outros insetos benéficos em larga escala’”, conta Carla.

Empresas negam riscos

Empresas produtoras de agrotóxicos não enxergam problema em vender no Brasil produtos proibidos na Europa. Para a Basf, existem grandes diferenças em culturas, solo, clima, pragas e práticas agrícolas em todo o mundo. “Pragas diferentes requerem soluções diferentes e todos os produtos da Basf são extensivamente testados, avaliados e aprovados pelas autoridades competentes de cada país, seguindo os procedimentos de aprovação oficiais e legais estabelecidos nos respectivos países antes de serem comercializados”, explica a empresa em nota. A Basf afirma também que por razões de mercado optou por não renovar o registro de alguns ingredientes ativos na Europa. “Em muitos casos, o ingrediente ativo não é renovado ou submetido a registro na Europa porque a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas em um clima temperado não é justificada ou porque não há cultura de importância econômica”, explica. Dos 12 ingredientes da Basf citados pelo estudo, apenas um, o Saflufenacil, nunca foi solicitado para entrar no mercado europeu. Os demais, ou nunca foram autorizados, ou acabaram saindo do mercado após reavaliações.

Já a Bayer diz que o simples fato de um produto para proteção de culturas não ser aprovado na UE “de maneira alguma determina a sua segurança” e “tampouco se trata de dois pesos e duas medidas”. “Nossas exigências internas de segurança garantem que nossos produtos atendam ao padrão mínimo global em todos os lugares, independentemente de quão desenvolvido e rigoroso seja o sistema regulador de cada país. Desde 2016, a Bayer se comprometeu a vender apenas produtos de proteção de cultivos cujos ingredientes ativos estejam registrados em pelo menos um país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, disse em nota.

A Syngenta diz que é importante observar as particularidades da agricultura em cada lugar do mundo, considerando as distintas culturas plantadas e as diferentes condições a que são expostas, bem como o tipo de pragas. “Produtos usados em nosso país, de clima tropical e com alta pressão de pragas e doenças, podem não ser tão necessários em países onde o inverno rigoroso – muitas vezes marcado pela incidência de neve – reduz naturalmente a pressão das pragas. Ou seja, se não houver demanda por determinado defensivo, não há a necessidade de registro ou renovação do registro do produto naquele país”, diz.

Segundo a CropLife Brasil, associação que representa empresas produtoras de agrotóxicos como Bayer, Basf e Syngenta, o relatório não reconhece que o uso correto de defensivos agrícolas é um ponto crítico na determinação da toxicidade de um pesticida para o usuário, suas famílias e consumidores. “As condições agrícolas em relação à flora, fauna e clima em diferentes países resultam em grande variedade de insetos/pragas, plantas daninhas e doenças que afetam as plantas. Isso significa que diferentes pesticidas estarão disponíveis para agricultores europeus e agricultores de outras regiões. Assim, o fato de um produto para proteção de culturas não ser aprovado na UE de maneira alguma determina a sua segurança”, diz em nota.

Para Carla Hoinkes, casos de necessidades agronômicas diferentes existem, mas são poucos. “Na maioria dos casos está provado que a União Européia baniu ou restringiu severamente o uso de um pesticida, ou grupo de pesticidas, devido a preocupações com o meio ambiente ou com a saúde humana”, explica. A pesquisadora cita os exemplos do Fipronil, Paraquate, Atrazina e Tiametoxam. “Assim, empresas como a Syngenta ou a Bayer estão, de fato, usando ‘double standards’ entre países, decorrentes de regulamentações mais fracas ou implementações deficientes em certos contextos políticos, para continuar vendendo pesticidas altamente perigosos que foram proibidos em seus próprios territórios, e que foram proibidos porque são agudamente tóxicos para os seres humanos, matam abelhas, persistem na água potável ou são suspeitos de causar câncer, defeitos de nascença ou outras doenças crônicas”.

A reportagem procurou o Ministério da Agricultura e questionou se a pasta acredita que há riscos em comercializar produtos proibidos na União Europeia e se essas proibições são levadas em conta durante a avaliação dos agrotóxicos. De acordo com a pasta, o Brasil é “soberano no estabelecimento de suas regras regulatórias” e possui capacidade técnica para análise de agrotóxicos. “Para serem aqui sejam comercializados significa que foram analisados rigorosamente pelo MAPA, ANVISA e IBAMA, tendo sido aprovados por cada um desses órgãos de acordo com as respectivas competências”, informou. Confira a íntegra da resposta do Ministério da Agricultura.

As empresas também questionam os critérios da PAN para denominar agrotóxicos como altamente perigosos. São avaliados a toxicidade aguda, danos crônicos à saúde, periculosidade ao meio ambiente e listagem em convenções e acordos internacionais para regulamentação de agrotóxicos. Atualmente, a lista da PAN engloba 310 ingredientes ativos. A Basf diz que conceitos de ongs como da PAN “impõem restrições além das previstas pelos órgãos governamentais reconhecidos internacionalmente, como FAO e OMS”. A empresa ainda afirma que “são os órgãos reguladores de cada país os melhores julgadores das necessidades de suas regiões”. Já a Syngenta diz que a lista da PAN “não é reconhecida por nenhuma organização nacional ou internacional”. Completa dizendo que a Public Eye, responsável pelo relatório sobre a empresa, “busca minar a agricultura de inovação, sem a qual os alimentos seriam menos disponíveis, mais caros e menos seguros”.

Alan Tygel da Campanha Contra os Agrotóxicos relembra que a lista da PAN é feita com base em critérios definidos em 2006 por dois órgãos ligados à Organização das Nações Unidas, a OMS e a FAU. “Esses dois órgãos definiram os critérios, mas nunca fizeram uma lista de quais agrotóxicos são esses. A parte muito interessante e importante da PAN é justamente dar nome a esses agrotóxicos altamente perigosos”, explica.

Confira AQUI a íntegra das respostas da Basf, Bayer, Syngenta e Crop Life

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