Em dezembro de 2015 a neurocientista Dra. Sandrine Thuret, PhD e Pesquisadora Principal do King’s College London, especializada em neurogênese adulta e saúde mental, proferiu uma conferência TED na qual fez um resumo dos resultados de suas pesquisas e propôs conselhos práticos sobre como podemos ajudar nosso cérebro a realizar melhor a tarefa de gerar novos neurônios: a neurogênese.

Como benefício obtém-se o aumento da memória e do bom humor, e a prevenção do declínio mental associado ao envelhecimento ou ao estresse.

 

Como é possível que na idade adulta consigamos produzir novas células nervosas?

Trata-se de um campo de pesquisa relativamente novo pelo que há bastante desconhecimento. O conceito mais difundido até então é de que os adultos não desenvolvem células nervosas.

Mas isto está mudando, a neurociência está demostrando que podemos produzir novos neurônios bem como ao contrário, podemos dificultar a geração dos mesmos. A boa notícia é que nossas atitudes e hábitos têm um papel decisivo neste processo.

O hipocampo do cérebro

O hipocampo, explica a Dra. Sandrine, é uma estrutura cinza que fica no centro do cérebro. Isso já era sabido há muito tempo é também a importância dele para o aprendizado, a memória, o humor e a emoção. No entanto, tem-se aprendido mais recentemente que o hipocampo é uma das únicas estruturas do cérebro adulto que tem a capacidade de gerar novos neurônios.

O hipocampo é um órgão pequeno situado dentro do lóbulo temporal central do cérebro e faz uma parte importante do sistema límbico, a região que regula emoções. O hipocampo é associado principalmente com a memória, em particular memória a longo prazo. O órgão igualmente joga um papel importante na navegação espacial.

Dano ao hipocampo pode conduzir à perda de memória e de dificuldade em estabelecer memórias novas. Na doença de Alzheimer, o hipocampo é uma das primeiras regiões do cérebro a ser afetado, conduzindo à confusão e à perda de memória tão geralmente - visto nas fases iniciais da doença.

O Dr. Jonas Frisen do Instituto Karolinska, calculou que o ser humano produz 700 novos neurônios por dia no hipocampo. Isto parece uma quantidade pequena se comparada com os bilhões de neurônios que temos. Mas, agora se sabe que ao completarmos 50 anos todos nossos neurônios com os quais nascemos terão sido trocados por neurônios gerados na idade adulta.

Por que esses novos neurônios são importantes e quais são suas funções?

Hoje se sabe que a geração de neurônios novos é importante para o aprendizado e para a memória. Tem-se demostrado em laboratório que se é bloqueada a produção de neurônios no hipocampo do cérebro adulto, bloqueiam-se também certas habilidades da memória, como por exemplo, a orientação espacial ou o reconhecimento de nossos trajetos diários.

Pesquisas recentes têm ensinado também que os neurônios são importantes não apenas para a capacidade da memória, mas também para a qualidade da memória.

Um caso interessante é a pesquisa realizada sobre a relação da neurogênese com a depressão. Estudos em animais com depressão têm demostrado que nestes animais existem também baixos níveis de neurogênese. Quando são dados antidepressivos para os modelos de animais em estudo, aumenta a produção de neurônios novos e diminuem os sintomas da depressão, estabelecendo-se assim uma relação clara entre neurogênese e depressão.

Além disso, quando a neurogênese é bloqueada, a eficácia do antidepressivo diminui. Isto provavelmente explica, por exemplo, alguns casos de pacientes que padeciam de câncer e depressão e que continuavam sofrendo depressão mesmo depois da cura do câncer. Nestes casos a droga dada aos pacientes para impedir a multiplicação das células cancerosas também impedia que seus cérebros produzissem novos neurônios e em consequência, não superavam a depressão.

Existem, portanto provas suficientes para dizer que a neurogênese é um alvo preferencial para melhorar a memória, o humor e mesmo para prevenir o declínio associado ao envelhecimento, ou ao estresse.

Podemos controlar a neurogênese?

A resposta é sim. Tem-se demostrado que nossas atividades, hábitos ou costumes podem favorecer ou prejudicar a geração de novos neurônios.

Entre as atividades que favorecem ou aumentam a geração de neurônios estão à aprendizagem, a atividade sexual, o exercício físico em geral, ou qualquer tipo de atividade aeróbica vigorosa que leve oxigênio para o cérebro.

Por outro lado entre as atividades que diminuem ou prejudicam a produção de novos neurônios no hipocampo pode-se mencionar o estresse, a privação do sono e o envelhecimento. Embora o envelhecimento diminua a taxa de produção de neurônios a geração de neurônios ainda acontece.

Um dos primeiros estudos que mostrou que a atividade física podia ter um impacto na produção de novos neurônios foi realizado pelo o Dr. Rusty Gage do Instituto Salk.  Neste estudo foi comparado o hipocampo de camundongos submetidos a diferente atividade física. Um grupo deles tinha na gaiola uma roda de corrida que os mantinha em permanente atividade. O outro grupo de camundongos de controle não tinha roda de corrida na gaiola e apresentavam uma conduta sedentária.

As imagens (A e D) abaixo mostram uma seção do hipocampo de ambos os grupos de camundongos. Os pequenos pontos pretos são futuros novos neurônios. Fica evidente o aumento maciço dos pontos pretos no hipocampo dos camundongos ativos.

Mas isso não é tudo

A dieta e os nossos hábitos alimentares também têm um efeito importantíssimo na produção de neurônios novos no hipocampo. A seguir relacionamos alguns exemplos de alimentos, condutas alimentares e suas implicações:

  • Uma restrição calórica de 20% a 30% aumenta a neurogênese.
  • O jejum intermitente (aumento do intervalo de tempo entre as refeições) aumenta a neurogênese.
  • A ingestão de flavonoides, presentes no chocolate amargo ou nos arandanos (Blue Berries), aumenta a neurogênese.
  • Os ácidos graxos ômega 3, presentes nas PANC como a beldorega e a chaya, ou em peixes gordos, como o salmão (precisam ser livres, não servem os de fazendas), aumentam a produção de novos neurônios.
  • Por outro lado, uma dieta com alto teor de gordura saturada terá um impacto negativo na neurogênese.
  • Bebidas alcoólicas diminuem a neurogênese.

Finalmente um efeito muito peculiar

Os japoneses são fascinados pelas texturas dos alimentos, eles têm mostrado que a dieta muito macia prejudica a neurogênese, em oposição aos alimentos que requerem trituração, mastigação, ou são crocantes.

Em síntese, os estudos realizados com humanos confirmam que o tipo de dieta regula a memória e o humor e a neurogênese. A restrição calórica irá melhorar a capacidade de memorizar, enquanto uma dieta rica em gordura vai exacerbar os sintomas da depressão, ao contrário dos ácidos graxos do ômega 3, que aumentam a neurogênese e também ajudam a diminuir os sintomas da depressão.

Fica claro que o efeito da dieta sobre a saúde mental, a memória e o humor é realmente mediado pela produção de novos neurônios no hipocampo. E não é apenas o que comemos, mas também a textura da comida, quando comemos e quanto comemos.


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* Conceição Trucom
 (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).

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