YACOUBA, o agricultor que semeou o deserto, ganha o Nobel Alternativo

Redação do GreenMe.com.br – Farei bem à terra
Em 4/10/18

Yacouba Sawadogo, um nome praticamente desconhecido. Por seus méritos, este agricultor conquistou o chamado “Prêmio Nobel Alternativo”. Ele não descobriu novas proteínas nem ensinou em universidades de prestígio, onde realizou pesquisas. Mas ele está dedicando sua vida em replantar o deserto, plantando árvores onde antes só havia terra seca. Por isso, ele recebeu o prestigioso prêmio.

Algum tempo atrás nós já tínhamos contado sua história aqui:

Yacouba conseguiu transformar a terra estéril de onde vivia em um lugar cheio de vida, demonstrando como os agricultores podem regenerar o solo com o uso inovador de um conhecimento local e indígena.

O anúncio veio na véspera da entrega dos mais famosos Prêmios Nobel. O Right Livelihood Award 2018, o Alternative Nobel, é concedido pela Right Livelihood Award Foundation, que com este reconhecimento apoia pessoas e organizações corajosas que oferecem soluções visionárias e exemplares para resolver problemas globais.

Yacouba, o homem que semeou o deserto

Desde 1980, durante um período de seca severa, Sawadogo deu vida entre Burkina Faso e Níger a mais de 40 hectares de florestas em terras anteriormente estéreis e abandonadas. Hoje, mais de 60 espécies de árvores e arbustos prosperam. Esta é, sem dúvida, uma das florestas mais diversificadas plantadas e geridas por um agricultor do Sahel.

Um milagre tecnológico? Muito pelo contrário. Sawadogo na verdade se inspirou no conhecimento da tradição, incluindo experimentações com poços para a conservação do solo, da água e da biomassa chamados “zaï” no idioma local. O agricultor continuou inovando a técnica ao longo dos anos, aumentando as plantações e plantando árvores com sucesso.

Os zaï ajudam a conservar a água da chuva e melhoram a fertilidade do solo.

É o caso da construção de longas filas de pedras, grandes como um punho de homem, que cruzam os campos. Quando há umidade no ar esta se aglutina nas pedras, umedecendo o local e mantendo a terra mais úmida e, quando ocorrem chuvas, os cordões de pedras protegem o solo endurecido do Sahel de ser lavado e erodido, dando às águas, tempo suficiente para se infiltrarem. Nessa circunstância, de infiltração lenta, lodo e sementes se acomodam num ambiente propício ao rebrote. E a vegetação, pouco a pouco, começa a reocupar espaços em terras antes duras e secas, trazendo mais água, mais sementes, biodiversidade. Primeiro vêm as gramíneas, logo substituídas por arbustos e árvores, que deixam suas folhas no solo, enriquecendo-o. Em poucos anos, uma simples linha de rochas pode restaurar um campo inteiro.

Isso permite que os agricultores produzam colheitas mesmo em anos de seca. As árvores plantadas em conjunto com as culturas são usadas para enriquecer a terra, produzir forragem para o gado e criar oportunidades comerciais, como a apicultura. Soluções que ajudam os agricultores a se adaptarem às mudanças climáticas, reduzir a pobreza rural e impedir conflitos locais pela água.

“Estou muito honrado em receber o prêmio Right Livelihood Award, que me permitirá perseverar em meus esforços para proteger a floresta e a vida selvagem. Espero que a legitimidade desse prêmio possa ajudar a inspirar e encorajar muitos outros a regenerar suas terras para benefício da natureza, comunidades locais e gerações futuras” são as suas palavras.

No início, o homem teve que enfrentar a resistência das populações locais, que até queimaram algumas florestas, mas nunca pensou em desistir. Com o tempo, seu trabalho tem sido cada vez mais admirado e Sawadogo sempre esteve animado para compartilhar seu conhecimento, organizando cursos de treinamento para ajudar os agricultores a regenerarem suas terras.

Como resultado, dezenas de milhares de hectares de terra gravemente degradada foram restaurados para a produtividade em Burkina Faso e no Níger. Ole von Uexkull, Diretor Executivo da Fundação, comentou:

“Yacouba Sawadogo prometeu semear o deserto e fez isso: se as comunidades locais e os especialistas internacionais estiverem prontos para aprender com sua sabedoria, será possível regenerar vastas áreas de terras degradadas, diminuir a migração forçada e construir a paz na região”.

O outro Nobel Alternativo

Além de Sawadogo, a Fundação concedeu mais dois prêmios em dinheiro para os seguintes vencedores:

Os defensores dos direitos humanos Abdullah al-Hamid, Mohammad Fahad al-Qahtani e Waleed Abu al-Khair (Arábia Saudita); e o agrônomo Tony Rinaudo (Austrália).

Fonte: The Man Who Stopped the Desert Receives 2018 – Right Livelihood Award – Press Release, Stockholm, 24 September 2018.

2 de outubro de 2019

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